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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Isso te consome





Você já deve ter sentido algo parecido com esperança. Ou mesmo ela em si. Já deve ter experimentado o que é se encher de algo que, no final, não te fez bem. Já deve ter achado algo que, no final, não era verdade. Mas também já deve ter esperado tanto por algo que, quando finalmente aconteceu, se agarrou de uma maneira que não deveria; porque lá estava a esperança traiçoeira, de novo. Lá estava ela, falando em seu ouvido. No entanto, o que você poderia fazer, senão acreditar? Estava acontecendo algo novo, não estava?
Porém, com algum tempo, você pôde se sentir da mesma forma de sempre. Apenas com um acréscimo, que era o peso de uma nova confusão. Algo que você não sabia como explicar e não sabia como lidar. Porque você se deixou levar. Porque você estava sempre esperando e achou que talvez, dessa vez, seria diferente. Mas não foi.

domingo, 27 de dezembro de 2015

"Livre e liberta"


Há um momento em que você percebe que chegou a hora. Infelizmente existe esse momento inevitável. Você pode negar, pode esperar que demore mais, pode ter medo de que não esteja preparada, mas isso acontecerá de qualquer forma; como uma prova que você não tem escolha de fazer ou não. Ou como uma refeição que você precisa fazer porque inevitavelmente irá sentir fome.
Há o momento em que você precisa andar sozinha. Que você precisa ir. Como quando você é criança e está aprendendo a andar. Vão sentir medo que você caía e se machuque, mas você precisa fazer, porque você precisa aprender a andar; como quando você aprende a andar de bicicleta e ainda usa as rodinhas de apoio, mas sabe que chegou a hora de tira-las. Você sente medo de o faze-lo, porque, novamente, tem a insegurança de que irá cair e se machucar. 
Porém a vida está aí e se machucar ou cair é algo que você não pode evitar.
Você precisa deixar ir, mas sente medo. Você precisa se libertar, mas sabe que irá sentir saudades. Você precisa seguir em frente, mas insiste em olhar pra trás. 
É dado a hora. Chegou o momento. Você sabe o que precisa fazer. Ninguém te disse, mas está lá. Você sabe. Você sente. Você consegue ver.
Sempre achou que isso não iria acontecer. Achou que esse momento não viria. No entanto, quem poderia imaginar? Ninguém sabe das coisas que se tem no futuro. E tudo pode mudar em um piscar de olhos.
Não é sua culpa. A vida te dá opções e tem pessoas que não sabem lidar com elas. Escolhem errado mesmo tendo consciência disso no final. E você pode parecer culpado por não conseguir acertar, mas a única coisa que pode fazer é, justamente, soltar as amarras.
Há um fio invisível. E este pode significar várias coisas. Existe pessoas que saberão ter o cuidado de não rompelo. Outras, não conseguem enxerga-lo e metem os pés pelas mãos. E como é um fio frágil, ele se quebra com facilidade e não há conserto imediato. Esperto aquele que soube cuidar muito bem do seu.
O fio rompeu, não há mais jeito. Você também fez uma escolha. Até porque não há muito o que fazer. Você precisa andar, correr, precisa tirar as rodinhas, soltar as amarras. Não faz mais sentido. Não tem nada mais aqui. E as amarras citadas representam o querer que esse fio volte ao normal. Mas, como diz o ditado, não adianta chorar pelo leite derramado
Acabou. Foi. Ande ou corra. Só não olhe para trás.