Páginas

sábado, 28 de fevereiro de 2015

"É difícil não olhar para trás, sabia?"


Eu sei que tiveram momentos bons. Eu sei que tiveram momentos que vão estar sempre comigo. Eu sei que não foi de todo real, mas foi a coisa mais real que já me aconteceu. Eu sei que não posso pedir mais nada, e nem mesmo esperar alguma coisa. E eu sei que nunca vou poder esperar que tudo volte como era antes. Talvez eu nem queira de verdade.
O fato é, que eu sempre vou saber que isso existiu. Sempre vou ser aquela pessoa que olha para trás, e tem bons e péssimas lembranças disso. Vou olhar para trás, e pensar que, mesmo que terminara de uma forma toda errada, eu vou saber que teve algo. Vou saber que eu fiz algo. Vou saber que eu tenho algo dentro de mim que espera por ser libertado, em algum momento. Algo que eu prefiro esconder, e que deveria ter se mostrado, não fosse a negação de uma forma que ninguém poderia entender. Nem mesmo eu.
Ou talvez eu entenda. Muita mais que todas imaginam. Mas eu sei que não é por motivos óbvios, porque nunca foram colocados para fora. E tiveram muitos erros. E quem diria que isso fosse se tornar apenas uma lembrança de algo dolorosamente bom? Bom... De certa forma. Tudo para se sentir viva.
Vou olhar para trás e sentir orgulho de mim. Da pessoa que me tornei. De todas as coisas que pensei e aprendi. Vou olhar para trás e saber que tudo o que eu aprendi, vai me fazer ir muito longe. Vou me orgulhar, porque eu tive coragem. Eu sempre disse o que era real, e sempre mostrei o que estava errado. E nunca vou recuar diante de uma negação. Nunca vou recuar diante de uma pessoa que não muda. Que acha que tudo é questão de opinião. Quando não é; as pessoas acham que tudo é questão de todos terem sua própria opinião, dizendo que, é, pode escutar várias, mas sempre manter a sua. Sendo sincera? É como se você sempre dissesse que nunca vai mudar. Que não importa se está certo ou errado. Que não importa se você está fazendo bem ou não. Nem para si mesmo. Sem querer ser rude, mas talvez seja por isso que as coisas nunca mudam.
As pessoas acham que a opinião é algo que se pode ter, de todas as coisas, da forma que você quer. E, bom, se você não sabe, não é bem assim que se trata as coisas. Não é bem assim que as coisas funcionam; você não pode dizer que a cadeira não é cadeira, só porque você acha que aquela cadeira se parece mais com mesa. Não pode dizer que acha tal coisa, de tal coisa, sendo que você não sabe muito sobre o assunto.
Opiniões. Sim, cada um tem a sua. Isso não significa que só por você ter a sua própria, tem a obrigação de sempre mantê-la. Se pensa assim, nunca vai crescer, pois nunca vai ver que nem todas as coisas são como realmente achamos que é. Que minha opinião pode ser de um jeito, mas amanhã descobrir que eu estava errado, só pelo fato de eu ter acordado e visto que a minha realidade não é a única no mundo. E isso significa que, você pode ter nascido num lugar, mas isso não significa que você precisa continuar lá, porque foi lá que você aprendeu tudo que sabe; o mundo é grande demais para continuar num cantinho só, imaginando que só a sua realidade é a certa, quando, claramente, a muito mais para ser visto lá fora. Fora do que só você quer ver.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Chamei de ventania. Faz sentido.



Não tem culpa disso ser como uma ventania para você. Daquelas que bagunçam tudo e levam todas as certezas. Daquelas que te fazem sentir medo e que te fazem implorar para que passe. Daquelas que passam, mas que você sabe que ainda pode voltar. E quando acontece, você sente tudo de novo. O medo, a bagunça, implorando para passar. E mesmo que não pareça saudável, você não pode controlar o tempo. Mesmo que seja tudo que você quer. Você não pode controlar o fato de que tudo dentro de você te puxa para a ventania, sendo ela mais forte que você. Não pode sentir que é culpada, porque você não pode fazer nada sobre isso. A não ser, é claro, continuar implorando para que passe. E você pede todos os dias.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Uma pessoa feita de poesia, com os cabelos ao vento


A sensação de lembrar de pequenos momentos que te fizeram sentir algo bom. Algo pequeno, mas algo significante para você. Aquela coisa que te faz sorrir, e te faz sentir leve. Aquela coisa que te transporta para o seu mundo. Aquela coisa que te faz querer viver aquilo de novo. Aquela coisa que te deu uma empolgação na voz apenas por falar e lembrar dela. Aquela coisa que te fez rir, lembrando, porque, por mais que parecesse irrelevante no momento que aconteceu, agora, é algo bom. Mesmo não sendo nada demais. Exceto pelo fato de que para você é. Pelo fato de que, se te fez sorrir, te levou para o seu mundo, te deixou leve, então, sim, aquilo significa muito.
E não tem quem diga que isto não é verdade, porque é verdade.
Está tocando a música, aquela música que você adora, mas só você a escuta. Está de fones de ouvido, como toda manhã, naquele carro. Está na janela, observando tudo, esperando, como sempre, por algo novo. Mas como isso nunca acontece, está indo gradativamente a caminho de seus pensamentos mais fundos. Daqueles que te prendem de verdade, e precisa de um pouco mais de esforço para dispersá-los de si; e é claro que estes pensamentos tem um ápice, um alicerce. É claro que os pensamentos vão até ele. O ápice, o alicerce. Ao longo do percurso do carro, talvez. E é claro que isto significa muito, já que é nele que começa todos os sentimentos confusos, os sentimentos bipolares, os intensos 'talvez', que insistia em se repetir. E é claro que, ao longo de tudo isto, o esperar por algo novo, vem deste fato também. E é claro que nunca acontecia nada. Mas isto não deixou de se repetir até o último dia.
A mesma música tocando, aquela vontade incontrolável de cantar, mas é claro que não o fazia. Seria demais; aquela sensação no peito outra vez, e as imagens que se formavam na cabeça, faziam o coração acelerar. Mas eram sempre só fantasias. No final do dia, era só para dar pequenos ou grandes socos no peito; mas o sorriso estava lá, como todo dia. Até o dia que se viu tudo desmoronar, e, hoje, isto pesa, e algo dentro cresce ao mesmo tempo que se elimina.
Há um vazio dentro de mim. Exceto pelo fato de ele estar cheio até as bordas.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Você se chama solidão?



“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.”
Vinícius de Moraes.