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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Vovô,



onde é que o senhor está? Eu queria saber se o senhor está bem. Se nos olha e se preocupa com nosso bem-estar. Se sorrir a cada vez que lembramos de coisas suas com todo o nosso amor. E se sente-se triste ao nos ouvir chorar. E se tenta nos confortar de alguma forma.
Eu queria poder vê-lo mais uma vez. Na verdade, eu não queria que o senhor tivesse que ter ido embora. Queria ter tido mais anos de vida ao seu lado. Meus 18 anos não foram suficientes. Mas ao menos eu pude ter alguém tão bom e maravilhoso quanto o senhor.
Dói tanto saber que a última vez que eu lhe vi foi dois dias antes de sua partida. Minha irmã me aconselhou a não pensar nisso, mas é meio impossível. Eu me sinto pesada ao pensar que não estava com o senhor nesse dia. E eu queria ter-lhe dito o quanto você foi, e sempre vai ser, um homem incrível. Alguém que eu sempre irei ter como exemplo; e eu lembro de papai, debruçado sobre o seu caixão, chorando, e dizendo: "meu herói! meu exemplo!" e de como eu queria poder tirar a dor que ele estava sentindo e eu também. De todo mundo. Mas, principalmente, dele e de vovó.
Vovó teve tanta sorte de ter tido o senhor. Ela e o senhor eram mais do que amantes: eram, e sempre serão, melhores amigos. A relação mais linda e sólida do mundo. E é assim que vou me lembrar do senhor. Das suas piadas e seu jeito engraçado. O jeito como você tratava vovó e as conversas e risadas dos dois. Sei que ninguém pode imaginar a dor que ela sente ao não ter mais isso todos os dias como costumava ser. Porque, ao acordar, o senhor dizia "bom dia, Dona Léa, como vai a senhora?". E, mais tarde, a pergunta típica, que fazia vovó resmungar: "cadê o boião?". E ela mandava o senhor tomar banho e o senhor ficava rindo, porque ela começava a reclamar de sua teimosia. E era assim o dia todo. Os dois teimosos, nas brigas engraçadas e nos sorrisos, sempre cúmplices. Eu sinto tanta saudade de ouvir os dois conversando de manhã cedo...
Todo mundo saía de casa e ficava o senhor, vovó e eu. E o senhor sempre brincava com isso. Tanto, que o meu apelido virou "nós três". "Êh, nós três!". E em seguida, o seu sorriso audível e maravilhoso. Eu sinto tanta falta de ouvi-lo.
Cadê o som de seus sorrisos e o som de seus passos pela casa? O som de seus resmungos (o tempo todo)?
Tem tanto, tanto, tanto pra falar do senhor. E de como a sua ausência dói em todos nós. De como sua existência acrescentou na vida de muitos (de verdade). De como todo mundo só tinha coisas boas pra falar do senhor, porque sabiam da pessoa imensamente boa, inteligente, incrível que o senhor foi e sempre vai ser pra todos nós.
Eu espero que esteja bem. E que saiba, se de alguma forma puder nos ver e nos ouvir e nos sentir, que sempre iremos te amar e que todo o lugar tem um pouco do senhor e que nada é igual sem sua presença. Mas que vamos ficar bem e que a saudade só aumenta, porque sua presença faz muita falta. E estamos cuidando de vovó e, um dia, todos nós vamos estar juntos de novo, eu espero.
Eu queria que o senhor não precisasse ter ido. Mas eu sei que está melhor agora.
Eu te amo. E sempre vou.
Obrigada por absolutamente tudo.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sobre as coisas guardadas almejando sair



  "Nós precisamos compartilhar como nos sentimos. Não há razão em deixar tudo guardado."



Você sente vontade de escrever, mas não sabe sobre o que falar. Ao mesmo tempo que quer falar sobre tanta coisa, as palavras se embaralham, e as coisas ficam confusas. Mas isso seria típico de você. Porque tudo na sua vida parece confuso; dentro de você existe uma confusão.
Queria falar sobre como as coisas são. De como a vida tem várias camadas. De como há coisas que te fazem querer escrever, mas parece que não existe palavras certas para descrever aquilo. De como os pensamentos se misturam, se espalham, se mantém aqui ou vão embora. De como tem tanta coisa na cabeça, que não sabe como tirá-las.
Tem a vontade imensa de continuar tentando. De continuar acreditando que as coisas, um dia, podem melhorar.
Sobre ter os momentos que tudo parece poesia; um texto bem escrito. Sobre os momentos que as palavras querem sair de você, mas ao tentar juntá-las, elas somem.
Sobre a dor existente no peito. Sobre os questionamentos. Sobre as pessoas. Sobre o medo. Sobre as vontades, sobre as esperanças. Sobre a vida.
Você sabe que é jovem, sabe que pode ter muita coisa para ver ainda. Mas também sabe que nem sempre a vida é fácil, e que tem momentos reais que nada mais parece fazer sentido; sabe dar valor ao que é importante, e sobre o que é certo. Sabe diferenciar os momentos de imaturidade, com o peso que a vida pode trazer. Os reais questionamentos.
Sobre ter a cabeça lá na frente, sobre pensar demais. Sobre se importar com coisas que, para muitos, não importa. Sobre ter certezas de coisas que os outros não tem. Sobre ter medo de nada mudar, sobre ter medo de algumas mudanças; porque você sabe que coisas mudaram, mas não eram essas mudanças que esperava. E sabe que essas mudanças são inevitáveis, e que não há nada a fazer, senão aceitar. Porque você sabe que a vida é um ensinamento, e que talvez as coisas  não aconteçam por acaso.
Sobre não querer. Sobre querer. Sobre sentir. Sobre o amanhã. Sobre crescer. Sobre verdades. Sobre mentiras. Sobre lutar.
Sobre estar falando coisas que possam não fazer sentido. Sobre apenas querer falar de coisas guardadas. Sobre não querer mais guardar.
Sobre histórias. Sobre querer vivê-las. Sobre ter medo de não poder.
Sobre criar coisas na cabeça.
Sobre...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Em meio a tantas voltas



E o que falar a respeito dos últimos acontecimentos? Ultimamente pude perceber que não importa o que aconteça em nossa vida, o mundo continuará girando da mesma forma. Mas não é apenas uma questão científica, todos esses giros tem uma ligação entre si. Em meio á tantas voltas, ele acaba nos aproximando e nos afastando de certas pessoas, e faz isso de uma maneira tão súbita que não nos deixa nem tempo para uma possível recuperação. Tantas voltas acabam por nos deixar tontos e perdidos, nos levam para lugares novos, perto de novas pessoas, longe de nossos antigos portos seguros. E quem saberá se daqui a pouco, na próxima volta, ele ajeitará tudo ou confundirá um pouco mais? Só nos resta esperar.
Talvez com o tempo, aprendamos a lidar com tudo isso, e entendamos que o melhor a ser feito é receber bem os novos amores, e abandonar de vez as velhas paixões.
Mas a grande incógnita que fica diante de todas essas voltas é que nunca saberemos se a próxima nos apresentará o novo, nos trará o velho, ou simplesmente nos deixará no mesmo lugar.
Larissa Rodrigues.