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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Não querer (e quer)



Tudo que você sempre fez foi querer. E, pensando nisso, hoje, você sente cansaço disso. Sente que já basta, que chegou a hora de fazer outra coisa. Que chegou a hora de olhar para outro lado e se perguntar o que há de novo; bem, na verdade, você se pergunta muito. Se pergunta, quase sempre, quando acorda, se algo mudou dentro de você. Se tem alguma coisa nova, mesmo que só um pensamento. Se pergunta se chegou o momento que você vai simplesmente parar, e sentir que, finalmente, algo mudou.
E se sente frustrada quando nota que, de novo, não tem lá a mudança que você sempre espera.
Mas sabe o que mais frustra? É saber que você não espera por muito. Igual a um trecho de um livro:
"Se tem uma coisa que aprendi, é isso: todos nós queremos que tudo fique bem. Nem mesmo desejamos que as coisas sejam fantásticas, maravilhosas ou extraordinárias. Satisfeitos, aceitamos o bem, porque, na maior parte do tempo, bem é suficiente."
Então, é: você acha suficiente alguma mudança, nem que seja só de posição da vida. Quer dizer, você se contentaria com apenas parar de querer. Este é o ponto. Você se contentaria em não mais querer. Se contentaria naquela posição de não querer nada... E, talvez, não esperar por nada (mesmo que querer uma mudança seja esperar por algo. Mas isso se trata de algo mais fundo). E, este sentido de não esperar por nada, você quer dizer de algo fantástico, maravilhoso ou extraordinário. Você, há muito tempo, cansou de ter essas expectativas. Nem mesmo acredita, infelizmente, que coisas assim possam acontecer a você...
Só quer parar. Parar de sentir o mesmo que sabe, sabe que sente há longos anos atrás. Desde que tudo mudou. Principalmente dentro de você. Quando notou coisas diferentes, pensou diferente e aprendeu coisas diferentes.
Não quer algo novo, daquele tipo que muitas pessoas sonham. A realidade, é que quer parar de ser uma dessas pessoas. Estas, que vivem sonhando, e esperando e querendo. Quer não querer, e quer ficar bem assim. Não querendo; quer lembrar de como é não querer. Ou, na verdade, sentir pela primeira vez esta sensação. E nem é o vazio... É só algo que sabe que não precisa, e, simplesmente, não passa pela cabeça. É o querer de não querer mais nada. Não querer de não querer esperar por nada. Apenas ir, e ir de acordo com o que tiver de ser. Sem ter grandes expectativas sempre que vira a esquina, ou revira o passado.
Apenas quer não querer, e não querer e não querer; mesmo já querendo...
Viu?

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